Aprendizes surdos de língua portuguesa (l2) escola bilíngue para inclusiva
DOI:
https://doi.org/10.51399/cau.v1i2.86Palavras-chave:
Surdos, Educação bilíngue para surdos, Libras, Inclusão, Política EducacionalResumo
Este artigo apresenta a pesquisa desenvolvida no Trabalho de Conclusão de Curso (SIQUEIRA, 2020) que visou investigar as dificuldades percebidas na transição do estudante surdo do 5º ano (em escola bilíngue) para o 6º ano (em escola inclusiva). A pesquisa originou-se a partir do questionamento: Por que alguns estudantes surdos não apresentam a mesma fluência, domínio e o desenvolvimento na língua portuguesa que estudantes ouvintes, mesmo passando por um processo de educação bilíngue? Esta pesquisa tem cunho qualitativo e foi desenvolvida por meio de levantamento bibliográfico no Google Acadêmico, livros e artigos através dos descritores: bilinguismo, inclusão, educação de surdos, história dos surdos, ensino de português e transição de 5º para o 6º ano. O referencial teórico parte de Sabanai (2006), que apresenta a preocupante situação dos estudantes surdos, em que há defasagem escolar em comparação a aprendizes ouvintes, mesmo sem déficit cognitivo. Stumpf e Wanderley (2016), entre outros, explicam que a Libras é a língua natural dos surdos e a língua portuguesa é uma segunda língua, sendo necessário adaptações metodológicas e recursos adequados para a evolução no processo de ensino-aprendizagem, evitando atrasos ou desistências no prosseguimento dos estudos. Além disso, diferentes marcos legais trazem direitos pertinentes ao educando surdo (Estatuto da Criança e do Adolescente, Decreto 5.626/2005, Política Nacional de Educação Especial). É previsto que, no processo educacional, todas as crianças e adolescentes tenham o direito de ser valorizados em sua cultura, artes e história. No caso dos surdos, os modelos educacionais atualmente propostos são o modelo bilíngue e o inclusivo. Optou-se por investigar a transição do 5º para o 6º ano por ser nessa transição entre etapas da educação básica (EF1 para EF2) que muitas vezes ocorre também a transição entre os dois modelos. Parte da nossa reflexão aqui é como ambos os modelos podem garantir esses direitos ao estudante surdo na transição entre modelos/escolas observada no período selecionado. Concluímos que a escola não deve ser o único ambiente sinalizante da criança, uma vez que a interação familiar pré-escolar é importante para que o estudante chegue à escola com base linguística, assim como a criança ouvinte que chega à escola já usando fluentemente o português. Essa atribuição cabe ao SUS, que deveria exercer esse papel conscientizador quanto à situação linguística da criança surda desde o diagnóstico da surdez.
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